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segunda-feira, 3 de junho de 2013

Conto de Terror: Sonho Tenso

Escrito por: Guilherme Cury

Assim que eu cheguei em casa tínhamos a noticia, não era preciso nenhuma palavra ser dita ou nenhum sinal ser feito, todos sabíamos do resultado da ida de Paula ao médico. Ela estava lá, sentada na sua cadeira como de costume, olhando pro céu e pensando na vida, aos prantos, tentando evitar todo o resto do mundo. Minha família inteira estava na sala, ainda com o papel do resultado na mão, sem saber o que dizer para alegrar Paula, e sabendo que não tinha nada a se fazer.

Eu me lembrei de quando éramos crianças e brincávamos de casinha, coisas de crianças, mas era o que mais alegrava ela, ela com suas bonecas, dizendo o nome dos seus filhos o futuro de cada um e o tanto que ela os amava. Era o sonho dela, desde sempre, ter 2 filhos, 2 meninos, Paula via filmes, musicas, lia livros, tudo relacionados a maternidade, e então de repente ao fazer 18 anos ela recebe a noticia que nunca via poder ter filhos, eu não queria imaginar o que se passava na mente dela.

Depois dessa noticia a nossa vida mudou de ponta a cabeça, Paula largou sua faculdade de pedagogia, minha mãe começou a freqüentar um grupo de mulheres a noite todos os dias, talvez para ocupar o tempo, talvez para tentar esquecer que seu sonho de ser avó também já era, sim, eu também não posso ter filhos. E eu, fui o menos afetado, continuei minha faculdade e meu trabalho no supermercado, apenas com uma tristeza alheia compartilhada, sempre que eu chegava em casa e olhava para minha mãe e para minha irmã eu sentia a dor delas, lá no fundo eu conseguia sentir e era a pior dor possível, a dor do fracasso, a dor da incapacidade, a dor de não poder fazer NADA para mudar seu destino, a dor de ver ser sonho indo embora e você não poder fazer absolutamente nada, não se pode lutar contra a natureza, era o que eu pensava, infelizmente minha mãe e irmã pensavam diferente, e é ai que nossa história começa.

Um dia eu estava chegando do trabalho, esperando encontrar minha irmã e mãe com a mesma cara, a mesma dor de sempre, já me preparando para mostrar força, era minha única opção, sempre foi, me mostrar forte. Mas algo estava diferente, tudo estava diferente, minha mãe e minha irmã estavam de preto e haviam mais 5 mulheres com elas, todas estavam sentadas conversando informalmente ao redor de uma mesa, dizendo coisas que eu não ligava, termos de um acordo que eu não entendia, então não me importei e fui pro meu quarto, depois de um dia exausto. Mas não conseguia parar de pensar naquela cena, e possibilidades vieram a minha mente, perguntas vieram a minha mente. Quem eram aquelas mulheres? Por que o clima de tristeza e depressão não estavam mais dentro da minha irmã e da minha mãe? Por que todas de preto? Eu realmente não tinha a mínima noção do que estava acontecendo, então fui para a sala de novo.

Ao chegar lá eu vi minha irmã só de calcinha deitada na mesa e as 5 mulheres e minha mãe estavam em um circulo, com livros estranhos cantando uma musica estranha, foi ai que eu percebi que aquilo não era normal. Fui correndo gritar com minha mãe e perguntar o que estava acontecendo, mas minha voz não saia, e então ao me aproximar demais uma das mulheres me deu um olhar paralisante e eu cai no chão sem voz e sem sentidos, sem explicação, o que era isso? Apesar de tudo eu conseguia ver tudo naquela sala, e então minha irmã colocou a mão na barriga e começou a gritar, gemer, se contorcer, eu não sabia o que estava acontecendo, mas não podia ficar ali caído e deixar essas mulheres fazerem isso com minha irmã. Eu tentava gritar, levantar, e nada, aquela mulher continuava me petrificando com seu olhar, e eu sentia a dor da minha irmã novamente, nós éramos gêmeos, sempre fomos muito ligados um ao outro e só de ver suas expressões faciais conseguia saber exatamente o que ela sentida, e seu sentimento era de dor, pura dor. Eu tentava me levantar, fazer algo, mas nada, nada podia ser feito.

Então eu desmaiei, minhas forças acabaram e eu acordei no meu quarto como se tudo não passasse de um sonho. Levantei assustado e fui em direção ao quarto da minha mãe, da minha irmã, da sala, e nada, ninguém estava lá, nem minha família nem as assustadoras mulheres de preto, então de repente eu vejo minha mãe e minha irmã entrando em casa cheia de sacolas, rindo felizes, como se nada tivesse acontecido.

No mesmo instante eu corri em direção a minha irmã e dei um forte abraço nela, e em seguida comecei a gritar com minha mãe, pedindo explicações. Foi então que ela abriu o jogo:

-Filho, as reuniões que eu ia a noite não era um simples encontro de mulheres, aquilo é uma sociedade secreta que existe a muitos e muitos anos, onde mulheres se encontram para praticar bruxaria. Eu sei que você não vai concordar com o isso, mas foi tudo para o bem da nossa família, do nosso nome, nosso nome não pode morrer aqui, então fizemos um acordo. Elas colocariam dois meninos na barriga de Paula e quando eles nascessem um seria enviado para as mulheres, e outro ficaria com agente.

Ao ouvir isso, minha vontade era de quebrar tudo naquela casa, minha indignação era imensa, e eu não sabia o que falar ao certo, só sabia que eu me senti injustiçado:

-Como vocês duas me deixam de fora de algo assim? Vocês são loucas de mexerem com essas coisas, isso não é brinquedo! Como fazem isso sem me consultar?

-Nós sabíamos que você não ia concordar meu irmão, mas era isso que eu queria pra mim, esse é meu propósito de vida, e se não fosse essa chama de esperança acesa eu já teria me matado a muito tempo.

Essas palavras de Paula me chocaram, então elas me entregaram um exame de sangue confirmando que ela estava grávida, mesmo com toda a felicidade delas eu não acreditava que elas apelaram para magia negra, eu nunca soube como isso funcionava, só sabia que isso não acabaria bem. Depois disso eu fui para meu quarto, me preparei e fui trabalhar como se nada tivesse acontecido.

Mesmo com a felicidade das duas eu não podia aceitar aquilo, minha mãe mexendo com bruxas, minha irmã com algo dentro da barriga dela que não foi gerado de forma humana, aquilo não me deixou em paz. E durante toda a gestação eu me mantive frio, triste e decepcionado com as duas. A felicidade das duas aumentava junto com a barriga de Paula e cada dia elas estavam mais felizes, e quando estávamos próximos aos 6 meses descobrimos que eram gêmeos, eram 2 meninos, assim como ela sonhava, assim como as bruxas disseram.

Mas então as coisas começaram a dar errado, Paula vomitava muito, não comia direito, e foi emagrecendo, os bebês estavam consumindo ela, e toda sua energia, e mesmo feliz ela estava pálida, estava acabada, aquilo não estava certo, aquilo não era normal.

Então aos 8 meses eu descobri onde era essa reunião e fui até lá para conversar com as bruxas e ver como salvar minha irmã daquilo tudo. Quando cheguei lá tudo estava vazio e parecia um galpão abandonado, confirmei varias vezes se aquele era o endereço certo, e sim era lá. Comecei a investigar as paredes, o chão, e procurar por algo a mais, quando achei um alçapão debaixo de um tapete, abri e desci. Lá era como uma caverna de bruxaria, caveiras e velas em todo lugar e uma mesa no meio toda velha, tudo escuro, e então havia duas mulheres conversando, eu me escondi e ouvi as conversa.

-Está quase na hora, nosso filho está chegando, em breve vai nascer 2 meninos, um anjo e um demônio saíram da barriga daquela jovem. Precisaremos estar presentes na hora do nascimento, pois segundo a maldição só um poderá viver, e então mataremos o anjo e levaremos o demônio para casa.

Quando ouvi isso, não podia acreditar que se referia a Paula, mas continuei escutando.

-A jovem e sua mãe foram enviadas para nossa fazenda e lá faremos o ritual, mataremos o anjo assim que ele nascer, eles são muito diferentes fisicamente um vai sair totalmente feio, com cicatrizes e marcas de mordida no corpo, o outro será lindo como um anjo cabelos loiros e olhos claros, não será difícil distingui-los.

Elas então saíram, e eu fui correndo para casa impedir Paula de ir para essa fazenda, mas quando cheguei em casa elas já tinha ido e deixado um bilhete, dizendo onde era a fazenda e dizendo que eu não podia ir pois era um encontro de mulheres. Pesquisei o endereço da fazenda na hora e fui correndo para lá.

No caminho minha mente parecia explodir e eu estava totalmente atormentado com a idéia de tudo que estava acontecendo, mas ai encontrei uma camionete vermelha igual a da minha mãe parada fora da pista, e vários gritos.

Chegando lá encontrei Paula, deitada na carroceria gritando muito e dizendo:

-Meu deus, que bom que você está aqui, as mulheres são todas loucas, tentaram me prender e vieram com facas pra cima de mim, iam abrir minha barriga e tirar meus filhos, então eu e minha mãe conseguimos fugir, estávamos indo embora mas elas nos acharam, eu me escondi aqui mas elas levaram minha mãe. Agora os bebês estão nascendo e eu não sei o que fazer.

Eu estava em pânico mas sabia o que tinha que fazer, tinha que fazer o parto da minha irmã. Foi uma das coisas mais difíceis e tensas da minha vida, mas era preciso, então comecei a tira-los de lá e então consegui ver o rosto dos dois, assim como as velhas disseram, um parecia um monstro, todo machucado, vermelho de aranhões, mordidas, era o bebê mais feio que eu já vi, e o outro era totalmente diferente, olhos claros, cabelos loiros, parecia um anjo.

Os dois abriram os olhos e me olharam lá no fundo como se soubessem o que estava por vir, minha irmã estava desmaiada e só eu estava lá, com os dois e tendo que tomar a decisão de matar um, eles me olhavam sem nem piscar, sabendo o que estava por vir, então eu tirei meu canivete e sem pensar muito rasguei a garganta do bebê defeituoso, ele não soltou uma lagrima, nem chorou, simplesmente fechou os olhos e morreu. O outro começou a chorar histericamente e parece que todo o medo que eu sentia tinha ido embora, o bebe fechou os olhos e começou a chorar e eu me senti mais tranqüilo.

Depois disso eu sabia que tinha tomado a decisão certa, salvei o anjo e matei o demônio, então diriji até a cidade com minha irmã e nos mudamos, fomos pra uma fazenda e nos refugiamos ali, eu menti a ela, dizendo que um bebe nasceu morto, e ela acreditou devido as complicações do parto.

O menino me assustava as vezes, ele me encarava muito tempo, quase nunca ria ou brincava, estava sempre quieto na dele, mas pensei que fosse coisa da idade. Então no dia que ele completou 6 anos veio um homem velho a nossa casa e pediu para conversar comigo.

Ele contou uma história de 2 irmãos que tinham que se enfrentar por toda a eternidade, eles foram amaldiçoados e ficavam nascendo juntos por anos, mas apenas um podia sobreviver, e ele me disse com essas palavras:

-Desde Caim e Abel, muitas pessoas têm que escolher qual desses dois devem viver, mas a maioria toma a decisão errada. Elas se baseiam na beleza, e não no olhar dos bebês.

Nessa hora a criança entrou na sala e me olhou fixamente nos olhos, depois ele se transformou em um monstro, assim como o bebê que eu tinha matado, ele ficou com mordidas, aranhões, todo enrugado e vermelho, os olhos totalmente vermelhos continuavam me olhando e ele disse:

-Você tomou a decisão errada. Você só tinha que olhar no fundo dos meus olhos, e ver o quanto de sangue ele tinha, o sangue de todos que eu já matei.

E com deu um leve sorriso e depois me atacou, cortando minha garganta do jeito que eu cortei a do seu irmão.

Então eu acordei.

15 comentários:

Unknown disse...

Uurruuuuuu muuuuuito massa legal d+ amei parabens... :3

♥♣Gabi♥♣ disse...

Nus eu fiquei com um aperto no coração parecia que estava acontecendo comigo mas porém isso é a verdade,nois pensamos só na beleza por isso não olhamos nos olhos das pessoas para ver se ela é boa ou não ,por que tem gente que se pelo olhar sabe se ela é boa ou não.Mas ele olhou pela beleza que tudo é para alugumas pessoas,para mim a beleza não é nada so um rostinho bonitinho e pronto vc tem que olhar o caráter da pessoa não o rosto dela.

Diego Augusto disse...

Cara esse autor é muito bom essa historia é muito foda

oliveira_gabriel disse...

muito boa a historia, Guilherme Cury seria parente do Augusto Cury?

Unknown disse...

"Ai eu acordei" véi, eu tava entrando na história! Pode fazer isso não rapaz!

Anônimo disse...

nunca vi historia melhor parabens adorei,escreve muito bem

Unknown disse...

Nossa, essa foi muito boa, e a lição de moral tambem, realmente só pensamos na beleza, são raras as pessoas que enchergam as outras pelo que realmente são, mas parece um pouco com American Horror History, acho que agora finalmente entendi a historia completa da serie
P.S.: ainda estou na 1º temporada

Anônimo disse...

Muito bom
Adorei

Anônimo disse...

nossa assustador

Unknown disse...

"entao eu acordei" muito bom muito bom mesmo

Anônimo disse...

Esta história é incrivel. E tambem, é um ótimo exemplo para não mechermos com coisas ocultas.Digo isso por experiencia própria.E meus parabéns essa história é dimais e voce é um otimo escritor.

Marcio Roberto disse...

Muito bom, o cara escreve muito bem e teve um final bem satisfatório, o que difere da maioria. Meus parabéns!

Anônimo disse...

Conto perfeito, amo esse site. Parabéns a todos!

Anônimo disse...

Misericordia mim prendir completamente a essa historia muitoo boa sozinha em casa e com medoooo

Ela disse...

adeus Let her get on with life, ela disse adeus e chorou já sem nenhum sinal de amor, ela se vestiu e se olhou sem luxo mais se perfumou, ela n precisa mais de vc, sempre o ultimo a saber, pam pam pam pam ela disse adeus Let her get on with life kkk